
No 25º disco em 35 anos de carreira musical, Fábio Jr. já compôs e contribuiu tanto para a música brasileira que pode gravar o que mais lhe apetece no momento. Sorte do público. Pois este “Íntimo” traz uma música assinada por ele e outras 12 que ganham as cores e nuances de quem é dono de estilo próprio.
Bastam segundos de vocal para saber que Fábio é o dono do microfone. Mas é preciso larga bagagem na música para se ter a coragem de escolher standards do cancioneiro brasileiro e vesti-las com gala, em nova roupagem. Nesta partida, Fábio dá um banho. No alcance, seu vocal se traduz invariavelmente como instrumento a liderar a canção. E a prova de que se trata de herança genética aparece nas duas contribuições vocais do disco – seus filhos Fiuk e Tainá.
O espectro de cores é ampliado pela escolha de gêneros com que trabalha em “Íntimo” – muda de uma balada pop-romântica para um jazz e encontra brecha para encaixar um toque flamenco sem esquecer do suingue.
Duvida?
“As Dores do Mundo”, de Hyldon, que abre o disco, mostra o alcance vocal citado dois parágrafos acima, em balada com guitarra hipnótica de Cesar Lemos. Na sequência, um hit de seu repertório, “20 e Poucos Anos”. O timing é perfeito, já que quem divide o microfone com o cantor é seu filho Fiuk, que recém completou duas décadas e igualmente segue a trajetória de sucesso do pai na música. Música que aqui é marcada em suingue pelo piano e teclado de Sacha Amback e naipe de metais.
Outras duas que seguem o estilo são “Paciência”, de Lenine e Dudu Falcão, e “Muito Estranho”, de Dalto. Se a primeira segue em crescente, a segunda é marcada pela diversão da interpretação de Fábio, que claramente grava sorrindo a letra non sense cheia de sentido.
Fábio transforma “Você é Linda”, de Caetano Veloso, com bateria suave gravada com vassourinha e linha de baixo e piano jazzísticos. Para se ouvir (ou se imaginar ao ouvi-la) em um balcão de bar, à meia-luz.
“Esquinas”, composta por Djavan, é apresentada quase à capela. Um violão com influência cigana, bateria suave, cello e piano completam o cenário climático.
Já em “Fullgás”, de Marina Lima, Fábio apresenta e entrega o microfone para a filha Tainá. Se você ouvir a música antes de ler este texto ou saber quem é, vai ficar se perguntando quem é esse talento da nova MPB. O cantor se contenta em fazer a segunda voz na canção. E realmente não é preciso mais que isso.
Roberto e Erasmo Carlos não poderiam faltar à festa. E vêm em “Do Fundo do Meu Coração”, uma balada suave em arranjos e execução. A balada ganha um acento funk em “Noite do Prazer”, composta por Claudio Zolli e Arnaldo Brandão. Mais uma vez contempla participação do filho Fiuk, que, versátil, troca o microfone pela guitarra-solo na canção.
Só que quando o suingue e funk comem soltos, em “Carango” (Carlos Imperial e Nonato Buzar), Fiuk pede um pedestal emprestado ao pai e volta a dialogar com ele em canção marcada pelo trompete, trombone e que poderia estar na trilha-sonora de um “Shaft” da vida. Entre elas, “Paixão”, de Kledir, a mais climática do disco, com a tríade perfeita para essa tradução tão sentimental quanto sensível: voz + violão + cello.
Os ingressos à venda na Pandoro, São Braz Coffee Shop e Espaço Emes. Clientes Banese, Unimed, Banese Card e membros da OAB pagam meia.
Fonte: Emsergipe.com
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